domingo, 12 de dezembro de 2010

DIFICULDADES ECONÓMICAS AFECTAM QUALIDADE DAS REFEIÇÕES EM BEJA

Câmara de Beja procura novo fornecedor para creches e escolas do 1.º ciclo.



As refeições fornecidas nos jardins-de-infância e nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico do concelho de Beja, a cerca de 1000 crianças entre os três e os 10 anos, podem perder qualidade nutricional devido às dificuldades financeiras já assumidas pela câmara municipal. "Corremos o risco de não poder cumprir na qualidade dos alimentos", afirma José Velez, vereador com o pelouro da Educação.

"Já há pais a queixarem-se de refeições com demasiada gordura, muito grão e feijão", admite o mesmo responsável, o que resulta de um abaixamento dos preços por refeição acordados com as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) que tinham este serviço a seu cargo no ano lectivo 2009/2010.

O autarca diz que o risco de "não poder cumprir na qualidade dos alimentos" decorre das "exigências legais cada vez maiores" nestes serviços, que não se coadunam com as "limitações financeiras" do município, que prevê cortar cinco milhões na despesa no próximo ano.

A 4 de Novembro, a câmara aprovou um concurso público internacional. Uma opção temida pela CDU, que desconfia das decisões tomadas com base "no melhor preço". "Com um preço mais baixo, as empresas defendem-se baixando a qualidade e a quantidade das refeições", frisa a vereadora sem pelouro Maria de Jesus, da CDU. O mesmo modelo tem sido seguido noutras autarquias do Alentejo, como Mértola, tendo permitido adjudicar o serviço a empresas que se comprometem a fornecer refeições a dois euros, "mas congeladas", sustenta a vereadora comunista.

Em Beja, o concurso prevê preços máximos de três euros mais IVA por refeição. Consequências? A alimentação das crianças "irá sofrer uma quebra em qualidade nutricional", afirma a autarca da CDU, sugerindo que para o fornecimento de refeições escolares deviam ser privilegiadas as IPSS, que são uma garantia de qualidade alimentar, alega Maria de Jesus. Essa opção contribuiria também para a manutenção de postos de trabalho que, de outra forma, "ficam em causa", acrescenta.

A mesma vereadora acusa o actual executivo de Beja, liderado por Jorge Pulido Valente (PS), de no ano lectivo anterior ter "coagido" algumas IPSS "a reduzir os preços". E assinala que no concurso que está a decorrer "ainda são impostas maiores restrições" às IPSS, que já enfrentam a concorrência de grandes empresas. Mas o autarca que ganhou a Câmara de Beja com as cores do PS, batendo a CDU nas autárquicas de 2009, critica os preços praticados no tempo do anterior executivo de maioria comunista, dizendo que o custo cobrado na altura "era uma forma de financiar as IPSS". Um expediente que diz não estar disposto a seguir. "Gostaria de favorecer as empresas locais, mas não podemos", sublinha Jorge Pulido Valente.

A câmara diz que o número de alunos nos refeitórios escolares tem vindo a aumentar. O vereador da Educação salienta que uma diferença de um euro e meio no preço das refeições representa uma diferença de 350 mil euros por ano no orçamento camarário. Os interessados no concurso têm até 20 de Dezembro para apresentar as suas propostas.

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