sábado, 16 de outubro de 2010

DIRECTORES/PROFESSORES QUE «DERAM A VOLTA » ÀS MÉDIAS

Estes professores têm uma estratégia para melhorar os resultados dos alunos.



Trabalhar com dedicação. Garantir que os professores não mudam todos os anos de escola. Traçar planos para as disciplinas onde os alunos revelam mais problemas. Estas são algumas das medidas que fazem a diferença. Quem o diz é... quem fez a diferença.
Alda e Francelina Matos: Professoras de Física e Química na Escola Sec. do Monte de Caparica.

O percurso conhece-se antes da maratona

Para Alda Matos e Francelina Matos, as professoras da Escola Secundária do Monte de Caparica, em Almada, que no último ano lectivo levaram os alunos de Física e Química do 11.º ano a exame nacional – e que conseguiram que esta instituição se destacasse nesta disciplina – “a fórmula é simples” e semelhante à dos atletas de alta competição: a dupla não conhece outra receita que não seja “muito trabalho, muita dedicação, muita exigência”.

Alda Matos, 59 anos, há quase 25 na escola, assegura que a equação não é fácil. Além das horas normais as professoras, que funcionam como uma só e que até têm apelidos em comum, dão mais duas horas por semana a cada turma e uma terceira hora aos alunos que estão a ficar para trás. A isto somam-se visitas de estudo, conferências e... mais sessões de preparação para o exame, mesmo depois de as aulas terem acabado.

“Ninguém pode exigir trabalho aos alunos se não trabalhar também”, insiste.

O trabalho foi recompensado: a escola ficou em 479.º lugar no ranking geral ´mas em Física e Química, uma das disciplinas negras a nível nacional, conseguiu uma média de 10,75, o que a deixou no 51.º lugar na lista das melhores médias. Em 2009, com outros docentes, tinha tido apenas 8,3 (e estava no 288.º lugar).

“Quando começamos a fazer este trabalho no início do ano não sabemos quais vão ser os resultados. Há uma coisa que nos descansa: damos o nosso melhor e a fórmula para bons resultados é esta, porque os exames já podem ser mais subjectivos”, completa Francelina Matos, 54 anos, há 20 na escola, que esperava notas ainda mais elevadas.

Mesmo assim, diz que “a escola proporcionou as condições e a maioria dos alunos aproveitou e correspondeu”.

“Os alunos chegam aqui diferentes e a ideia é que, venham do bairro do Pica-Pau Amarelo ou de outro [menos pobre], não continuem com as mesmas características. Temos que fazer tudo para que a escola atenue a diferença que existe lá fora. Mas para isso é preciso que os professores, os pais e, fundamentalmente, os alunos queiram acreditar que a escola faz a diferença. As pessoas não devem ser diferenciadas por terem ou não capacidade para pagar um explicador. A escola deve dar a todos condições para terem sucesso no final do ano. Aproveitar ou não já depende deles e dos pais mas isso é responsabilizar”, defende Alda Matos.

Sobre os rankings, diz que considera “profundamente injusto” que a escola seja comparada com colégios “onde os alunos são seleccionados”. E acrescenta: “É como se tivessem 5000 metros para correr e, aqui, partissem três quilómetros atrás. O que significa que o trabalho tem de ser mais exaustivo.”

Por acreditarem que a assiduidade e a pontualidade são valores fundamentais, mesmo as horas extra que oferecem são obrigatórias. “No início do ano os pais e alunos decidem se querem ou não. Mas ao verem a nossa disponibilidade normalmente querem. O aluno não pode ir um dia e faltar outro. A minha aula não é um jardim, é um sítio de trabalho e uma democracia – enquanto eles fizerem o que eu mando”, diz Alda, com uma gargalhada, acrescentando que faz com os seus alunos o mesmo que gostaria que fizessem com o seu filho.

“Mesmo na escola, tivemos opositores, mas agora reconhecem o sucesso. Se vamos correr a maratona não é na véspera que vamos conhecer o percurso”, sublinha Francelina Matos.



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