segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

UNIVERSIDADES PORTUGUESAS TÊM QUASE 18.000 ESTUDANTES ESTRANGEIROS

Quando Damiano Pasquetto, de 26 anos, chegou a Lisboa sentiu-se perdido. As primeiras semanas foram para conhecer a cidade, o Instituto Superior Técnico, da Universidade Técnica de Lisboa (UTL), onde veio terminar o 5.º ano de Engenharia de Gestão, e para encontrar um quarto. "Sou um estudante estrangeiro. O quarto tem janela? Quanto custa?", terão sido das primeiras frases que aprendeu em português.

A língua portuguesa pode ser a porta de entrada para um mercado de trabalho maior como o brasileiro, aspira.

O italiano Damiano faz parte de um grupo cada vez maior de estrangeiros que vêm para Portugal estudar, seja através dos programas de mobilidade como o Erasmus, seja para fazerem um ciclo completo, como muitos dos que chegam dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) ou do Brasil.

Em 2008/09, período a que se reportam os últimos dados disponíveis na página de Internet do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 6225 estrangeiros entraram no 1.º ano de um curso superior, pela primeira vez. No total, em todas as universidades e politécnicos, havia 17.900 a estudar - mais 40 por cento do que no início da década.

Coimbra à frente

O número de alunos estrangeiros tem crescido nos últimos anos. Em 2000/01 eram 12.717. Sete anos depois eram mais 5100. E este ano lectivo o número terá crescido, devido à aposta que as instituições têm feito na internacionalização.

Esta passa por uma série de iniciativas (ver caixa) - uma delas é o programa de acolhimento. Damiano Pasquetto só se sentiu realmente bem quando fez amigos. Antes disso andava perdido, confessa. Diogo Coimbra, do 5.º ano de Engenharia Aeroespacial, foi escolhido pela instituição para ser o seu "mentor", alguém que o ajudou a integrar-se na escola, na cidade e na língua - quando chega à cafetaria, Damiano ainda tem que pensar se quer um bolo, uma bola ou uma bala, conta a rir.

Em termos nacionais, a Universidade de Coimbra (UC) é a que recebe mais alunos estrangeiros. Há dez anos tinha 1728, hoje são 3519, que representam 15,7 por cento do total. Destes, cerca de 2300 são estudantes que fazem um ciclo completo, a maioria oriundos dos PALOP e do Brasil. "Há um prestígio internacional" associado a este número, reconhece a vice-reitora Cristina Robalo Cordeiro. O sítio de Internet da UC está entre os 20 mais visitados das instituições universitárias europeias, diz.

As universidade de Lisboa e do Porto apresentam dados do ano lectivo passado: 3686 e 2373 alunos, respectivamente. A UTL avança com um número provisório de 2610 estudantes estrangeiros para este ano, provenientes de 84 países, o mesmo número de países representados na UP.

"A UTL tem vindo crescentemente a ser procurada por estudantes que visam realizar estudos de pós-graduação, mestrado, doutoramento e pós-doutoramento, reconhecendo a qualidade dos seus investigadores e a relevância dos projectos que aqui decorrem", declara o reitor Ramôa Ribeiro.

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